De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cerca de 83 milhões de brasileiros recebem 13º salário, o que deve totalizar, esse ano, aproximadamente R$232 bilhões adicionais na economia. Vale lembrar que o 13º salário foi criado em 1962 e, atualmente, é um direito dos trabalhadores que possuem carteira assinada, incluindo ainda aposentados e pensionistas do INSS.
Dependendo da classe de trabalho, há quem receba parte do 13º com mais antecedência, mas a grande maioria enxerga a conta corrente com um saldo maior agora em novembro e dezembro.
Para aqueles que recebem essa renda extra, é claro que é uma ótima notícia, mas, mais uma vez, ter um pouco de educação financeira nesse momento pode fazer a diferença. É disso que vamos falar aqui hoje.
O que não fazer?
Vamos começar falando do que não fazer e que infelizmente é, para muitos, o mais automático e a maior tentação, afinal, como dizem os especialistas e cientistas no assunto “o ser humano é irracional em muitos momentos de consumo”.
Imagina olhar para a conta corrente e, de repente, ver um saldo mais alto que o normal? O cérebro de milhares de pessoas já vai pensar em tudo aquilo que viu o ano inteiro, sendo bombardeado pelas marcas. Para rechear ainda mais esse momento, temos Black Friday, os presentes de natal, as ceias de final de ano, as confraternizações, o momento de decidir pelas férias, etc. Agora, pense. Se tudo isso vem à cabeça e não tem dinheiro “sobrando”, talvez o resultado seja pensar em gastos mais racionais, levando em conta os gastos mensais, o padrão de vida que tenho, entre outros. Agora, se eu vejo na conta um dinheiro não habitual, a probabilidade de pensar “agora posso…” tende a aumentar. Nessa hora, a educação financeira e o planejamento fazem toda a diferença.
Vamos reforçar que não estamos falando para não consumir nada, não é essa a ideia, afinal, trabalhamos muito, temos nossos sonhos e é importante buscar o equilíbrio entre poupar e usufruir. A chave aqui é justamente ter o equilíbrio e lembrar dos gastos que surgirão pela frente, além das metas que definimos e que estão sempre sendo revisadas. Isso porque, quando a gente alcança uma meta, chega a hora de pensar na próxima.
Uma boa estratégia dentro do planejamento é justamente definir o que vou fazer com o 13º salário, tendo em mente minha estrutura de gastos, metas e quanto acho razoável gastar em cada uma das linhas. Será que eu preciso gastar R$1000 com presentes ou posso gastar R$500 e os outros R$500 trocar o micro-ondas que já está falhando há algum tempo? Aqui os valores são fictícios mas é esse tipo de exercício que devemos fazer.
Os últimos dois anos foram desafiadores para todos e, infelizmente, muita gente não tinha reserva de emergência e passou por imprevistos. Nesse caso, o 13º pode ser uma ótima oportunidade para quitar dívidas e começar o novo ano com o taxímetro zerado, focando nas próximas metas. Justamente por saber desse dinheiro extra que entra na conta de tantos brasileiros, muitas empresas de varejo e bancos fazem campanhas especiais com descontos para quitação de dívidas. Certamente, a prioridade é quitar dívidas e não gastar na Black Friday ou nas listas de presentes para amigos e familiares.
Outro gasto que pesa no orçamento de muitas famílias são as contas clássicas de início de ano – material escolar, matrícula, IPVA, IPTU. Na hora de organizar, como você vai usar o 13º, é interessante lembrar desses gastos também, caso você já não tenha uma reserva ao longo do ano para esses gastos pontuais.
Por fim, e não menos importante, há quem consiga guardar 100% do 13º salário, o que é uma ótima notícia. Esse valor pode ser investido entre as metas de curto, médio e longo prazo. Sim, várias pessoas aproveitam esse momento para reforçar o porquinho da aposentadoria.
Vimos que as alternativas para o uso do 13º salário são amplas e passam claro, primeiramente, por entender cada realidade individualmente.
Não olhe para o lado para decidir o que fazer com o seu 13º. As realidades das pessoas são diferentes e únicas. Entenda sua estrutura, se atente aos consumos sem planejamento e invista no seu bem-estar, hoje e no futuro.