Os últimos 2 anos foram muito desafiadores para todos e um tema que veio à tona com toda força (e isso é muito bom) foi saúde mental e bem-estar do cidadão. Mas o que isso tem a ver com educação financeira? Muita coisa. Vamos mostrar a diante.
Tivemos a divulgação de mais uma pesquisa sobre endividamento no Brasil, com direito inclusive a reportagem especial no programa de TV “Fantástico”. E, os números não são animadores. Segundo a pesquisa da Serasa, 75% dos brasileiros possuem dívidas. Estamos falando de quase 8 em 10 brasileiros. É realmente um dado alarmante.
O desemprego aparece como um dos principais motivos para as dividas. Só lembrando, de acordo com o IBGE a taxa de desemprego atual no Brasil está em 13,2%, o que representa quase 14 milhões de brasileiros. Não vamos entrar aqui no detalhe da metodologia de cálculo utilizada, mas sabemos que dependendo da perspectiva de análise, a realidade desse numero é ainda maior.
Além do dado preocupante sobre o % de brasileiros endividados, há também outros indicadores bastante interessantes divulgados no estudo e que merecem reflexão:
- 88% das pessoas revelam sentir muita vergonha da divida
- 76% acreditam que ficar devendo prejudica o trabalho
- 64% acham que ter dividas prejudica nos relacionamentos familiares
- 84% relatam que as dividas também impactam a vida social
Analisando esses indicadores fica mais fácil imaginar a relação da educação financeira (ou a “falta” dela) com bem-estar e saúde mental.
O quão produtivo é um funcionário pensando na fatura do cartão que não tem dinheiro para pagar ou no boleto da escola do filho que vai vencer e falta dinheiro da mesma forma?
Qual o nível de stress e humor de uma pessoa com problemas financeiros no dia a dia com seus amigos e familiares?
Será que podemos ver algum impacto no nível de ansiedade e até depressão?
E como fica a auto-estima?
A verdade é, ninguém gosta ou quer ter dividas. Mas infelizmente é uma realidade mais comum do que gostaríamos. E antes que pensemos em estereótipos, não são apenas as pessoas com renda mais baixa as únicas impactadas com esse fenômeno. A carência de educação financeira pode ser detectada nas mais diversas classes sociais e nos quatro cantos do pais, claro que em proporções maiores e menores dependendo da estratificação.
As justificativas para os problemas financeiros são alguns, passando por desemprego, problemas de saúde, desorganização financeira, entre outros. E, nesse momento, falar em educação financeira pode mudar o jogo. Se não temos pode ser o grande vilão da historia. Por outro lado, quando temos, pode ser o grande diferencial para uma vida com mais bem-estar e consequentemente redução abrupta de impactos na saúde mental e bem-estar causados por problemas financeiros.
A luz dessa jornada já começou. A pandemia reforçou esse tema. Muitas pessoas sofreram na pele os impactos na saúde financeira e na saúde mental para quem passou por mais dificuldades.
Não podemos terminar aqui sem falar de um outro grupo, aqueles que não possuem problemas financeiros mas também talvez não sejam suficientemente eficazes na gestão das finanças pessoais no dia a dia. Para esse grupo, a educação financeira é igualmente importante entrar na agenda de cada um. Isso porque nossas vidas diariamente são feitas de decisões, escolhas que terão impactos hoje, amanhã e no futuro. Hoje está tudo aparentemente bem, mas como será a vida dessas pessoas aos 70, 80 anos mantendo o mesmo ritmo atual? Ou mesmo daqui 5, 10 anos, como estarão o alcance de suas metas pessoais e sua qualidade de vida?
Que fiquem as reflexões e que cada vez mais as pessoas percebam quão importante é falar e investir em bem-estar financeiro.