Novos tempos, novas opções, novas ações.
O brasileiro passou as últimas décadas acostumado com satisfatórias rentabilidades dos seus investimentos quando avaliamos escolhas de investimentos mais conservadoras.
Até 2017, com a Selic em 2 dígitos ainda, era comum ver um fundo de renda fixa (com risco baixo e sem muita volatilidade) proporcionar ganhos na casa de 10% ao ano. Nada mal, principalmente quando comparado ao cenário atual, onde a Selic está 2% ao ano. Se ainda descontarmos a inflação, boa parte dos fundos de investimento mais conservadores estão atualmente com rentabilidade real negativa, (ou ganho real negativo). O que na prática quer dizer que estamos perdendo poder de compra.
O mundo dos investimentos em Bolsa (e nos produtos de renda variável como um todo) sempre foi visto no Brasil como algo pouco atrativo, principalmente quando comparado a países mais maduros e com cultura de investimento mais arrojada (como é o caso dos EUA).
Na prática, a grande maioria dos brasileiros pensava: pra que vou me arriscar se posso ter rentabilidade de 10% ao ano, com baixo risco?
No entanto, o cenário mudou. Nos últimos 3 anos o governo começou a trajetória de redução da taxa básica de juros e hoje estamos alcançando um patamar similar ao de países mais maduros.
Esse foi um dos principais fatores que fizeram com que algumas pessoas começassem a olhar para a renda variável com outros olhos, mesmo que com bastante cautela.
Ficou mais claro o papel da diversificação nos investimentos, principalmente em um cenário de taxa de juros básica mais baixa. Muitos começaram a migrar parte de suas aplicações em renda fixa para opções um pouco mais arriscadas como fundos multimercados, ou mesmo fundos de renda variável, entre outros. Há também os que aproveitaram o momento propício para conhecer o universo da bolsa de valores. Um outro fator que contribuiu foi o boom dos influenciadores digitais voltados para este universo, que começaram a divulgar, ensinar, sugerir e vender cursos, tudo voltado a investimentos em bolsa e renda variável.
O que tivemos ao final de pouco mais de 1 ano?
Em maio de 2019, tínhamos aproximadamente 1 milhão de investidores na Bolsa e agora, em novembro de 2020, a B3 divulgou que esse número ultrapassou a marca de 3,2 milhões de clientes. Recorde histórico nacional.
Se compararmos com os EUA, por exemplo, ainda temos um enorme caminho
pela frente mas, sem dúvida, estamos mudando e ampliando as opções de investimentos no Brasil.
Nessa semana a B3 divulgou sua mais recente pesquisa mostrando um pouco do perfil dos novos investidores, desses mais de 2 milhões de CPFs que entraram na bolsa em pouco mais de 1 ano. Abaixo, um breve resumo com os principais itens apresentados:
- Quase 75% do público é masculino, mas o percentual de mulheres tem crescido, pulando de 22,06% para 25,47% de participação no período.
- A maioria são jovens, média de idade 32 anos
- 60% não tem filhos
- 56% têm renda média até R$5.000
- 51% vivem na região sudeste
- O valor de investimento médio inicial caiu, em outubro de 2018 era R$1.916 e, dois anos depois, está em R$660.
- 73% dizem se informar sobre investimentos na internet e o papel de influenciadores digitais tem forte influência – a chamada democratização do acesso à informação.
- 38% investiu para aprender a lidar com outras modalidades de investimento e ganhar confiança
A diversificação também foi um item interessante. Em 2016 78% das pessoas físicas investiam somente em ações. Agora, quase metade passou a ter mais de um produto em renda variável logo após a chegada à B3.
Quando falamos em diversificar, além de ações, falamos principalmente de fundos imobiliários e ETFs.
- 32% informam que Tesouro Direto foi seu 1º produto de investimento
- Dos 43% que realocaram seus investimentos para a Bolsa, 49% tinham
o dinheiro anteriormente na poupança.
O avanço da tecnologia, a democratização do acesso à informação, a vontade de aprender e buscar novas opções de investimento, aliados ao cenário econômico atual no Brasil de Selic 2% ao ano, favorecem o crescimento dos investidores nesse mundo mais arriscado e volátil, mas que, com visão de investimento de longo prazo, também pode ser bastante promissor.
Por fim, vale ressaltar que investir em bolsa não é opção obrigatória para todos. Antes de tudo, é de extrema importância avaliar seu perfil de investidor (através do formulário API), conhecer e aprender mais sobre os produtos e então, avaliar se vale a pena investir, dentro do seu perfil e seus objetivos para cada montante de investimento.
Sobre a pesquisa: de acordo com o site da B3, a pesquisa foi realizada com1.371 investidores de todo o Brasil, com idade entre 18-65 anos, das classes A, B e C, que investiram pela 1ª vez entre abril de 2019 e abril de 2020.
Para ter acesso a íntegra da pesquisa B3: